Ao
longo dos tempos tem havido relatos de pessoas que deram de caras com Medos, em
alguns casos porque foram deliberadamente ao encontro deles, e que, com
coragem, perícia, e – convenhamos! – também uma boa dose de sorte e bom senso
(nomeadamente por na boa parte das vezes lidarem de perto com os Medos mais
inofensivos e amigáveis!), conseguiram ganhar-lhes a confiança para falar com
eles e, então, fazer-lhes perguntas; as respostas que deram resultaram na maior parte das informações atuais acerca deles. Uma dessas coisas que se ficaram a
saber foram as circunstâncias que fizeram com que se tornassem nas criaturas
que são hoje.
Para
começar, não foram quaisquer pessoas que se tornaram Medos! Os Medos eram
pessoas que, basicamente, tinham em vida um enorme gosto nalguma coisa, algo em
que tinham mais prazer em fazer do que qualquer outra coisa; pode-se dizer que
era o passatempo favorito dessas pessoas, que era o que lhes estava no sangue.
Chegaram a dedicar a maior parte da sua vida aquilo que mais gostaram, ao ponto
de ficarem viciadas ou obcecadas com as suas atividades preferidas, nem que com
isso, muitas vezes, lixassem a vida dos outros… E até mesmo a própria vida! Além
disso, morreram de qualquer causa, exceto devido às ações dos Medos já
existentes. Quando estavam à espera de serem julgadas no outro mundo pelas
ações que tomaram neste, foram abordadas por uma entidade sobrenatural. E aí é
que as coisas ficam estranhas.
Ninguém,
a não serem os próprios Medos, sabe de que entidade se trata (embora haja
suposições), nem que planos tinha (ou ainda tem) para eles, pois recusam-se
determinadamente a falar sobre isso, e até ficam muito nervosos se se insistir
em pedir-lhes que contem! Não se sabe a razão de tal recusa, mas parece que
tiveram de guardar segredo sobre o encontro com essa entidade, sob pena de
sofrerem sérias consequências (que também ninguém sabe quais, a não serem, mais
uma vez, os próprios)!!
Essa
entidade fez-lhes a seguinte proposta: poderiam voltar a este mundo para
fazerem o que mais gostavam, mas em troca teriam de se alimentarem,
principalmente ao interagirem com os vivos de maneira idêntica às atividades de
que lhes davam mais prazer; se ficassem algum tempo sem se alimentarem,
regressariam de onde lhes propuseram isto.
Muitos
aceitaram a proposta: afinal, era a garantia certa de que continuariam a fazer
o que mais gostavam – sabe-se lá se no outro mundo isso seria possível!? No
entanto, também houve outro motivo, e bem forte, pelo qual uma boa parte deles
aceitou: estavam cientes de que não tinham sido em vida flores que se
cheirassem, e, por isso, sabiam muito bem que, a menos que houvesse outra
alternativa, não iriam certamente para o Purgatório, e muito menos para o Paraíso!!
Após
aceitarem o que a entidade lhes propôs, passaram por um período de transformação.
Também como já foi aqui escrito, eles recusam-se a dar pormenores sobre a tal
transformação – por isso, só os próprios Medos sabem como foi, e quanto tempo
durou. Mas tudo leva a entender que há um processo de aprendizagem de
procedimentos a tomar como Medo, dado pela própria entidade.
Após
já estarem transformados em Medos, a entidade manda-os para este mundo, onde,
como já se sabe, vão ao encontro das pessoas (isto quando, como já se disse,
não vão deliberadamente ao encontro deles pessoas sensatas… Ou loucas!) ou de
certos animais para se alimentarem, e ao mesmo tempo fazerem o que mais gostam!
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