Por Tiago Cardoso
Uma
questão que não apareceu na versão final do inquérito e a razão disso
Ao
contrário do Inquérito de avaliação da receção de um modelo de negócio de
objetos estampados, criei o Inquérito sobre o futuro d’Os Medos explicitamente
para franquia e não para saber se determinadas ideias para ela teriam ou não
rentabilidade financeira. O motivo para criação deste inquérito era eu e os
meus colaboradores-ilustradores sabermos o que o nosso potencial público deseja
ver n'Os Medos num futuro mais ou menos próximo, e qual a opinião do dito
público acerca de certas ideias para a franquia.
Responderam
ao inquérito até às 22h30min do dia 30/6/2018 (data limite para responder a
ele) 13 pessoas. Não vou negar que fiquei dececionado com o baixo número de
pessoas que o responderam; é um número inferior ao número dos que responderam
ao inquérito anterior. Porém, ainda assim eu e os meus
colaboradores-ilustradores voltamos a agradecer pela colaboração, sendo que,
tal como fiz para o inquérito anterior, deixo aqui a minha análise às suas
respostas como um todo para tirar uma breve conclusão.
Porém,
antes de começar a analisar as respostas do inquérito, revelo algo interessante
e escrevo sobre isso.
Fig. 1 – Questão que era para ser a 10º questão do Inquérito sobre o futuro d'Os Medos, mas que acabou por ser retirada. Imagem retirada do chat do Facebook (quando mostrei o protótipo do inquérito a alguém).
Tal
como está escrito na legenda da imagem em cima, decidi, juntamente com os meus
colaboradores-ilustradores, retirar a questão em causa. Isto porque decidimos
que Os Medos fosse uma franquia geográfica e historicamente neutra, sem,
contudo, omitir as referências culturais, principalmente as portuguesas. Eu
explico melhor.
Decidimos
que era melhor não tornar Os Medos «nacionalista», ou seja, não queremos tornar
explícito que as atividades dos Medos (e de possíveis personagens humanas
recorrentes com quem partilhem as histórias) ocorrem, ou ocorreram, em qualquer parte de
Portugal ou mesmo noutros sítios da vida real. O que pretendemos n'Os Medos são
não indicar que a ficção se desenrola em algum sítio específico da vida real e
não mencionar algum acontecimento que realmente aconteceu ou um objeto célebre
que realmente houve. Porém, ainda assim, deixamos claro que a mesma ficção se baseará
na Natureza e na cultura de Portugal (nomeadamente os próprios Medos, muitos
deles inspirados em criaturas fantásticas portuguesas [aliás, lembram-se
daquele vídeo de YouTube – isto se já o viram, claro – criado por mim? O nome
da franquia e desse conjunto de criaturas é derivado dos… Medos!] ou em
expressões e palavras muito usadas em Portugal), e a sociedade (acontecimentos,
instituições, mentalidades, etc) que refletirá em princípio é a portuguesa.
Olhem
que esta decisão tomada para Os Medos não é de forma alguma inédita entre as
franquias de ficção! Vou dar 2 ex. de franquias que também procederam ou
procedem dessa maneira: nas 1º e 2º gerações de Pokémon, a ficção dessa
franquia japonesa, salvo raras exceções (como, por ex., a referência a Paris em
EP009 – A Escola das Provações e a aparição do tristemente célebre vaivém
Columbia no Museu de Ciências de Pewter em Pokémon Red/Blue/Yellow), não
mencionava nenhuma localização geográfica, nenhum acontecimento histórico e
nenhum objeto célebre da vida real, mas não deixava de ter referências
culturais japonesas a indicar a origem de Pokémon (há os ex. das regiões de
Kanto e de Johto serem baseadas em verdadeiras regiões do Japão, o Giovanni ter
sido inspirado nos chefes da Yakuza, as Raparigas Quimono, as personagens
humanas da série de animação principal da franquia comerem com pauzinhos nos
primeiros episódios, a aparição dos nigiris na dita série [as célebres «bolas
de arroz», lembram-se? Isto quando não eram… «Donuts» ou «sanduíches»!!], entre
outros); devido ao que aparece quase sempre na ficção de Angry Birds (passada
na maior parte das vezes numa ilha tropical), ninguém vê à primeira que a
franquia tem origem na Finlândia, mas há algumas referências culturais
finlandesas não explícitas na dita ficção.
Acho
que, ao lerem o que acabo de escrever, vocês perguntam: porque decidimos fazer
isto? O João Pinto, um dos meus colaboradores-ilustradores, diz que esta é uma
boa ideia para a abrangência universal que a franquia poderá ter, o que também
a mim me parece ser verdade, mas eu tenho uma justificação mais elaborada: não
quero que Os Medos se torne bandeira de algo, pelo menos de uma causa que não
quero assumir. Posso estar a exagerar, mas sinto que, pelo menos a partir da
altura em que a franquia já tivesse a ficção bem mais desenvolvida e conhecida
do que tem hoje e fizesse referências geográficas, históricas e culturais
explícitas do seu país de origem, muita gente poderia começar a vê-la como algo
representativo de alguma causa, e a desilusão ao descobrir que não fosse nada
do que pensariam ser ou ao ver que pelo menos eu me recuso a assumir a causa
através do nosso trabalho criativo poderia afetar-nos de uma maneira ou de
outra. Para o caso de ainda não entenderem bem o que escrevi nas 2 últimas
frases, vou dar um ex.: hoje fala-se muito em repovoar o Interior, meter mais
gente no Interior, rebeubeu, pardais ao ninho, uma causa que considero errada e
da qual não me revejo (na realidade, eu acho que o desfasado rácio populacional
que o país tem não é entre o Litoral e o Interior, mas sim entre as áreas
predominantemente urbanas e as áreas predominantemente rurais, estejam onde
estiverem [embora admita que a desertificação piore substancialmente quanto
maior for a distância em relação à costa]; por isso é que vejo essa causa com
um certo ceticismo, para não dizer cinismo, mas um dia talvez exporei melhor a
minha opinião acerca do assunto). Imaginem que muita gente começava a associar
os Medos ao Interior só por eventualmente o cenário da maior parte das suas histórias
não ser o Litoral – aí acho que começariam a pensar que Os Medos deveria fazer
propaganda oficial ao Interior, ao que tem de bom e bonito, à chamada de mais
pessoas para viver lá, etc. Ora, nós nos recusaríamos então a isso, e, mesmo
que explicássemos muito bem o porquê dessa recusa, haveria o risco de pelo
menos uma boa parte do nosso público ficar ressentido com isso, e o nosso
trabalho então também se ressentir. Por isso, ao tornarmos a franquia
geográfica e historicamente neutra, acho que o risco da franquia ser bandeira
de alguma causa roça o nulo, e assim a probabilidade de não termos problemas
por causa disso é grande. Quanto à questão retirada, estive mesmo a pensar em
associar Os Medos à Estrada Nacional 2, considerada a estrada mais representativa
de Portugal, mas, como tomámos a decisão que acabo de explicar e justificar, essa questão tornou-se desnecessária e acabou por ser retirada, com a versão
final do inquérito ter 10 em vez de 11 questões.
Espero
que compreendam a nossa decisão. Mas isso agora pouco ou nada importa – vou
começar a analisar as respostas ao Inquérito sobre o futuro d'Os Medos!
Informações
básicas sobre os inquiridos no geral
Tal
como no inquérito já analisado por mim aqui, começo por querer saber a
caracterização geral de quem respondeu a ele, porque penso que pode dar uma
ideia do público geral d’Os Medos… Em princípio.
Fig. 2 e 3 – Respostas às 1º e 2º
questões do Inquérito sobre o futuro d'Os Medos, respetivamente de cima para
baixo. Imagens obtidas no inquérito.
E
tal como no inquérito anterior, começo por querer saber qual é caracterização
sexual e etária da generalidade dos inquiridos.
O
rácio sexual dos que responderam a este inquérito é diferente do mesmo rácio
dos que responderam ao outro inquérito: cerca de 3/5 dos inquiridos são de sexo
masculino, o que significa que responderam aqui mais mulheres em proporção aos
homens do que anteriormente.
Quanto
às classes etárias de quem respondeu ao inquérito, nenhum dos inquiridos é
menor de idade, e a maioria deles são jovens adultos, ou seja, têm entre 18 e
30 anos.
Volto
a perguntar-me se isto é uma possível imagem do público da franquia, mas desta
vez já irei abordar de novo essa pergunta.
Fig. 4 – Respostas à 3º questão do
Inquérito sobre o futuro d'Os Medos, respetivamente de cima para baixo. Imagem
obtida no inquérito.
Creio
que o maior desafio de quem está por detrás da produção de histórias escritas
online é fazer com o público leia essas histórias (de preferências as que cada
produtor faz, claro!). Ora, parece que pelo menos o nosso público não será
fácil de convencer a ler as nossas histórias: cerca de 3/5 dos inquiridos não
lê quase nenhuma ou menos nenhuma história escrita online. Porém, também não me
parece que isso seja muito difícil: cerca de 15 % dos inquiridos respondeu
«Muitas vezes» e outros cerca de 15 % respondeu «Diariamente ou quase»; o
conjunto dessas 2 respostas ao todo representa quase 1/3 das respostas; já a
resposta «Às vezes» foi a menos respondida, só com cerca de 10 % dos inquiridos
a terem respondido assim.
Fig. 5 – Respostas à 4º questão do
Inquérito sobre o futuro d'Os Medos, respetivamente de cima para baixo. Imagem
obtida no inquérito.
8
inquiridos disseram o que esperavam ver numa boa história escrita online. As
características mais mencionadas foram a fluidez na escrita, o suspense e a
publicação com uma boa frequência, com cada característica dessas a aparecer em
2 respostas; portanto, deduzo que são estas as características mais esperadas
em histórias desse tipo. Quanto às outras opiniões, para mim:
-
«Conteúdo escrito de forma acessível» é para tomar nota;
-
«Variabilidade no tamanho das histórias» é algo interessante;
-
«Mistério, ação» não é para se deitar fora;
-
«Boa história» é isso que vamos trabalhar para fazer;
-
Não sei o que significa «Desespero e Comédia», isto é, desconheço o que
pretendia dizer quem respondeu assim;
-
«Histórias de fantasia» e «Histórias verídicas» não me parecem que sejam algo
para tomar nota (enquanto obviamente as histórias serão de fantasia, não estou
a ver como fazer histórias baseadas supostamente em casos reais, ainda para
mais com a já referida nossa decisão d'Os Medos ser historicamente neutro
[além de ter neutralidade geográfica]).
Opiniões
dos inquiridos sobre as histórias da franquia
Foi
anunciado na página de Facebook há cerca de 1 mês uma série de histórias
escritas online da franquia em que, antes de serem escritas, sorteavam-se os 3
Medos que iriam aparecer lá. A essa série deu-se o nome Os Medos e as Suas
Aventuras (Ou Desventuras).
Vamos
ver o que supostamente o público pensa disso.
Fig. 6 – Respostas à 5º questão do
Inquérito sobre o futuro d'Os Medos, respetivamente de cima para baixo. Imagem
obtida no inquérito.
Pelos
vistos, a ideia do sorteio de 3 Medos para cada história é bastante divisória
(apesar do «Sim» ter sido a resposta mais escolhida)! Será que, no fundo, é uma
boa ideia?
Fig. 7 – Respostas à 6º questão do
Inquérito sobre o futuro d'Os Medos, respetivamente de cima para baixo. Imagem
obtida no inquérito.
Já
a ideia para o nome da série (nota: acho que esse nome pode servir para
qualquer série Os Medos, seja ela a ideia por detrás da sua conceção) parece
ser boa, pois foi aprovada por cerca de 3/4 dos inquiridos. 1 inquirido
queixou-se que o nome é demasiado extenso para prender a atenção de forma
rápida, o que pode ser verdade, e não me agradam os nomes que os outros 2
inquiridos que não concordaram com a ideia para o nome escolheram para a série.
Opiniões
dos inquiridos sobre outros aspetos da franquia
Também
houve questões sobre aspetos d'Os Medos que não as histórias.
Fig. 8 e 9 – Respostas à 7º questão do
Inquérito sobre o futuro d'Os Medos, mostrando na imagem de baixo (a fig. 9)
uma resposta completa sem ser «Ao público em geral». Imagens obtidas no
inquérito.
Cerca
de 70 % dos inquiridos acham que a franquia deva ser destinada ao público em
geral. Quem não concordou com isso disse que pelo menos deve ser destinado ao
público infantil, o que não deixa de ser irónico, já que nenhum inquirido é
menor de idade, como já foi mostrado aqui. Já agora, dado que a maioria dos
inquiridos são jovens adultos, a franquia deve ser destinada à generalidade do
público, mas dando mais foco ao público dos 18 aos 30 anos? Parece que a
combinação das respostas às 1º e 7º questões indica isso.
Fig. 10 – Respostas à 8º questão do
Inquérito sobre o futuro d'Os Medos, respetivamente de cima para baixo. Imagem
obtida no inquérito.
Oh,
o nosso suposto público é tão querido! Não se importa de gastar dinheiro para
ler as descrições de cada Medo e de cada grupo, e, assim, a gente ganhar a
vida! Hã?! Espera lá, não é assim?! Oh, bolas!!!
Brincadeiras
à parte, já era esperado que a maior parte dos inquiridos respondessem que as
descrições em causa deverão ser publicadas aqui, além de ser compreensível –
também eu não quero gastar dinheiro numa coisa que desejo ler quando posso fazê-lo
de forma gratuita!
Fig. 11 – Respostas à 9º questão do
Inquérito sobre o futuro d'Os Medos, respetivamente de cima para baixo. Imagem
obtida no inquérito.
Confesso
que mal me passou à cabeça a ideia d'Os Medos decidi que a Miu-Miu, a Medo #36
e a Bichinha Super-Fofinha, do Grupo XV – Grupo dos Menores de Idade –, seria
a mascote da franquia; afinal, trata-se de uma Medo bonitinha e com ar
simpático (se bem que não é muito simpática, no fundo…). Mas disseram-me algumas pessoas antes de criar este inquérito que
gostavam do Akihagato, o Medo #57 e o Predador Mal Disfarçado, do Grupo XXII –
Grupo dos Companheiros de Quarto. Por isso resolvi incluir uma questão sobre a
mascote da franquia, sendo que metade das respostas possíveis referiam os 2
únicos Medos oficialmente revelados até agora.
Pois
bem, cerca de metade dos inquiridos não tinha opinião formada acerca do
assunto, e cerca da outra metade estava dividida entre a Miu-Miu e o Akihagato.
Sugestões
que os inquiridos deixaram
Tal
como no inquérito anterior, foi possível deixar sugestões sobre o tema do
inquérito no final deste; o número de inquiridos que é o fizeram aqui é o mesmo
que o número daqueles que fizeram no que já foi analisado aqui.
Fig. 12 – Respostas à 10º questão do
Inquérito sobre o futuro d'Os Medos, respetivamente de cima para baixo. Imagem
obtida no inquérito.
Só
vou analisar metade das sugestões: a penúltima resposta a esta questão é
basicamente uma mensagem de confiança, da qual pelo menos eu agradeço, e a
última é uma pergunta que, vendo bem, é legítima – este inquérito foi lançado
com o outro ainda dentro do prazo para ser respondido, algo que não tenciono
voltar a fazer!
A
1º sugestão basicamente aconselha-me a ir com calma com a ideia do sorteio dos
3 Medos antes de cada história, e que o melhor é começar aos poucos a dar a
conhecer ao público os Medos e as histórias sobre eles de forma natural. Uma
sugestão que acho sensata, de facto.
A
2º sugestão é, basicamente, uma sugestão. É assim, podem ser feitas histórias
da franquia passadas em várias cidades portuguesas, mas, segundo a regra de
neutralidade geográfica e histórica que estamos a adotar, não poderemos fazer
isso de forma explícita! Por isso, das 2, 1: ou as localizações das histórias
serão subtis (nomeadamente através dos Medos, se estes forem inspirados em
criaturas fantásticas de certos sítios do país), ou os nomes das áreas
geográficas serão alterados.
Conclusão
Não
só vou analisar aos poucos as respostas gerais a este inquérito, como também
anuncio aqui o que tenho em mente para fazer n'Os Medos, graças ao que
supostamente o nosso público deseja – leiam com atenção o que vai ser
anunciado, pois em princípio não anunciaremos as nossas intenções para a
franquia na página de «Face», mas sim a concretização dessas intenções.
Os
Medos vai ficar destinado ao público em geral, mas principalmente aos jovens
adultos, dado que foram os que mais responderam a este e ao outro inquérito, o
que deve significar que é este o tipo de público mais interessado n'Os Medos.
Possivelmente
teremos de trabalhar muito para cativar e agradar o público com as histórias
escritas online da franquia, principalmente na fluidez da escrita, no suspense
apresentado no enredo e na publicação frequente e contínua das histórias, mas
também na qualidade destas e na compreensibilidade dos leitores no que estará escrito
nelas.
Por
causa da questão em relação a ela ter sido bastante divisória e por alguém
sugerir que não faz sentido por esta altura, a partir de agora, e pelo menos
durante algum tempo, abandonamos a ideia de sortearmos 3 Medos para serem
personagens de cada história; porém, mantém-se o nome da série de histórias da
franquia, seja qual for o método de serem feitas: Os Medos e as Suas Aventuras
(Ou Desventuras).
Mas
o que vamos fazer de momento é dar a conhecer ao público os Medos e os grupos a
que pertencem. Para isso, dentro em breve se publicarão no blogue as descrições
de cada Medo e de cada grupo, sendo que se pode aceder aos artigos das
descrições através de links em Índice Nacional dos Medos. Só após serem
oficialmente revelados os Medos (colocando na página de «Face» as suas
ilustrações oficiais, após, tirando a Miu-Miu e o Akihagato [já foram
revelados], se descreverem no blogue eles e os seus grupos [a menos que já
tenham sido descritos]) é que se trabalhará nas histórias em que eles aparecem.
Quanto à mascote oficial d'Os Medos, ainda vamos pensar se será a Bichinha Super-Fofinha, o Predador Mal Disfarçado ou mesmo ambos; porém, iremos procurar dar tanto destaque aos outros Medos como à(s) mascote(s) oficial(is) da franquia.
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